173 Dezembro de 2004. O juiz aposentado Cesar Bandeira, acompanhado da
esposa, desembargadora Graça Figueiredo, do filho do casal, o adolescente
Lucas, e de sua sogra, dona Magnólia Figueiredo, comanda uma expedição motorizada
em direção à Ilha de Margarita, na Venezuela. No comboio, entre outros, estão o
jornalista Mário Adolfo e o advogado Fernando Prestes.
Com cerca de mil
quilômetros quadrados e mais de 200 quilômetros de praias, a Ilha de Margarita
é uma das melhores opções para quem quer fugir da sofisticação e do modismo de
Cancun, Aruba e Curaçao.
Em
suas belíssimas praias, algumas selvagens, como as de Punta Arenas, e outras
badaladas, como a Playa El Agua, pode-se encontrar a animação do povo
margaritenho ao som de merengue ou salsa e bons pratos com frutos do mar,
pescados e lagostas.
Como é Porto Livre desde 1972, a Ilha de Margarita oferece
uma série de produtos 50% mais baratos do que os free shoppings dos aeroportos,
o que inclui todo tipo de bebidas, cigarros, eletrônicos, bugigangas chinesas e
indianas, calçados, surf wear e roupas de grifes internacionais.
O
adolescente Lucas Bandeira, que passou a dividir um quarto de hotel com dona
Magnólia, era um emérito colecionador de rótulos de bebidas e, quando chegou à
ilha, se sentiu no paraíso. Os cassinos, bares e restaurante possuíam um
inacreditável sortimento de bebidas importadas.
Diariamente,
ele comprava dezenas de bebidas de todos os tipos – uísque, vodca, gim, pisco,
tequila, armagnac, conhaque, grappa, kirsch, saquê, licores, o diabo a quatro –
jogava o líquido fora e, com auxílio de água morna, punha-se a retirar os
rótulos das garrafas para aumentar seu acervo, estimado em mais de 15 mil
rótulos diligentemente encadernados em centenas de álbuns de fotografia.
No
dia seguinte, as camareiras ficavam embasbacadas com a quantidade de garrafas
de bebidas vazias enfileiradas pelo quarto. Como o moleque Lucas não tinha a
menor pinta de bebum, aquele estoque de bebidas só podia estar sendo detonado
por aquela simpática senhora que dividia o quarto com ele, concluíram as camareiras.
A
fama de dona Magnólia correu pelo hotel. Todo mundo queria conhecer aquele
verdadeiro fenômeno: uma senhora já idosa capaz de detonar diariamente 20
garrafas de bebidas de todos os tipos e no dia seguinte amanhecer lúcida,
alegre e bem disposta, como se nada tivesse acontecido.
Quando
deixou a Ilha de Margarita pra retornar pra Manaus, cerca de 158 garrafas
vazias depois, dona Magnólia teve que distribuir autógrafos para todos os
funcionários do hotel, sem exceção. Ela só veio descobrir o motivo daquela fama
repentina quando já estava na capital amazonense.
Nenhum comentário:
Postar um comentário