O ex-encrenqueiro Renato Doido
Novembro de 1974. Depois de uma matinê no Cine Ypiranga, a cachorrada (Arlindo Jorge, Sici Pirangy, Chico Porrada, Carlinhos, Renato Doido, Airton Caju, Gilson Cabocão, Paulo César Dó, etc) vai caminhando pelas ruas do bairro até o bar do seu Amadeu, no canto das ruas Parintins e Urucará. Lá, pedem uma garrafa de cachaça Tatuzinho, misturam com guaraná Andrade e começam a biritar.
Por
volta das 19h, um casal passa de mãos dadas pela frente no bar, em direção à
rua Tefé. O abusado Renato Doido pirou o cabeção. Ele vai para a porta do bar e
abre o verbo:
–
Gostosa! Bunduda! Peituda! É de uma máquina dessas que estou precisando pra
trocar o óleo! Vai lá pra casa que eu te dou grana, comida e roupa lavada,
pedaço de mau caminho!
Quinze
minutos depois, um sujeito chega ao bar.
– Meus
amigos, com licença, mas você sabem qual foi a pessoa daqui que ficou jogando
piadinhas pra minha esposa quando a gente ia passando?...
– Foi
aquele ali! – avisou Arlindo, apontando para o Renato Doido.
– Será
que vocês me permitem dar umas porradinhas nele? – insistiu o sujeito.
– Fique
à vontade, meu amigo! – devolveu Sici Pirangy.
O
sujeito segurou o Renato Doido pelo colarinho, levou para fora do bar e lhe deu
um samba de crioulo doido. O abusadinho apanhou mais do que boi ladrão.
Terminada a sova, o sujeito agradeceu pelo fato de ninguém ter se metido e foi
embora.
Coma
fuselagem totalmente avariada, Renato Doido estava inconformado:
– Vocês
não são meus amigos! O cara me enchendo de porrada e ninguém se meteu! Vocês
não são meus amigos, porra! Vocês são uns traíras!
– Teus
amigos, nós somos! – avisou Arlindo Jorge. – O que não está certo é você fazer
graça com pessoas que nem conhece. Você gostaria que alguém fizesse o mesmo com
a tua namorada?...
Pelo
visto, Renato Doido aprendeu a lição, já que nunca mais repetiu a façanha.
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