Simão Pessoa, Marcus Vinicius e Mário Adolfo Filho
Em
meados dos anos 90, Mário Adolfo e Maria Teresa levaram os dois filhos (Mário
Adolfo Filho e Marcus Vinicius) para conhecerem o Disney World, na Flórida.
Depois de uma semana se divertindo nos brinquedos do parque temático,
resolveram ir às compras no Aventura Mall, um dos shoppings mais completos da
região de Miami, com 240 lojas.
Todas as grandes lojas de departamentos
americanas estão ali, caso de Sears (barata), Macy’s (média) e Nordstrom
(cara), e das badaladas JCPenney, Bloomingdale’s, Abercrombie & Fitch, Ann
Taylor, Apple, Banana Republic, Coach, The Disney Store, Guess, LaCoste, Tumi e
Victoria’s Secret.
O
shopping também possui vários restaurantes e lanchonetes tradicionais como o
The Cheesecake Factory, Johnny Rockets, OCean Prime, Paul Maison de Qualite
1889, Rosalia’s, Sushi Siam, Charley’s Grilled Subs, Chicken Kitchen, Five Guys
Burgers and Fries, Mandarin Express, Ruby Thai e o Tony Roma Express.
Na hora
do almoço, enquanto Teka e as crianças optaram pelo tradicional filé com fritas
do Charley’s, o impetuoso Mário Adolfo resolveu encarar a apimentada culinária
mexicana servida no Surf Road Taco.
Pra
quem não sabe, o taco é o principal prato mexicano. Ele consiste de uma
tortilha recheada com carne, pimenta, milho, tomate, cebola e guacamole
(abacate). A massa do recheio costuma ser crocante e o taco, depois de frito ou
assado, tem a aparência de um prosaico rissole. Mário Adolfo caprichou no molho
de pimenta Habanero, a mais braba das pimentas mexicanas, e detonou dois tacos
em menos de cinco minutos.
Na
hora em que se dirigiu ao caixa para pagar a conta, seu estômago começou a
acusar o golpe. A maldição de Montezuma havia se abatido sobre o jornalista.
Suando
frio, tomado por cólicas indescritíveis e fazendo força para não defecar na
calça, Mário Adolfo gastou seu portunhol com meia dúzia de transeuntes até
conseguir descobrir com uma vendedora cubana onde ficavam os sanitários do
mall. Eles estavam localizados no final de um gigantesco corredor de quase 100
metros.
Mário
Adolfo se dirigiu para lá, caminhando lentamente, enquanto um barulho
ensurdecedor saía de seus intestinos. Qualquer movimento brusco e os tacos
liquefeitos desceriam inapelavelmente pelas suas pernas.
Depois
de caminhar uns dez minutos que pareceram um século, Mário Adolfo entrou no
reluzente sanitário masculino, se sentou no primeiro vaso disponível, a uns
cinco metros da entrada, e deixou a natureza seguir seu curso. Os dois tacos
haviam se transformado em uma copiosa diarreia de chicote. Um fedor de rato
morto envolveu o ambiente como uma mortalha.
Do
seu posto de observação privilegiado, o jornalista ouvia passos em direção à
entrada do sanitário masculino. De repente, os passos silenciavam como se o
sujeito tivesse parado na porta. Então, o silêncio era quebrado por imprecações
furiosas em diversos idiomas:
– Oh my God!
– Shit!
– Carajo!
– Disgusting!
– Banzaiiiiiii!
– Cáspite!
– Damned!
– Nojeeento!
Evidentemente,
ninguém conseguia atravessar o muro invisível erigido pela fedentina.
Preocupado
com a hipótese de alguém mais desassombrado entrar no sanitário e depois se abaixar
para olhar por baixo da parte inferior da porta de seu esconderijo, Mário
Adolfo descalçou o tênis. Ele não queria ser reconhecido como o autor daquela
calamidade pública.
Depois
de uns dez minutos de agonia, Mário Adolfo bateu em retirada apressadamente,
completamente descalço, com o par de tênis escondido embaixo da camisa. No meio
do caminho, cruzou com uma equipe de bombeiros que se dirigia ao local para
tentar encontrar o rato morto, seguido por uma multidão de sujeitos furiosos
reclamando da fedentina em vários idiomas.
Vendo
Mário Adolfo andando descalço pelos corredores daquele mall luxuoso como se
fosse um legítimo índio mura, Teresa e os meninos não entenderam a motivação
daquela excentricidade bizarra, mas também não cobraram explicações.
Eles só
foram saber do ocorrido depois que chegaram ao hotel. Quase morreram de rir.
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