Outubro
de 1974. Estudante de Direito na FUA, Francisco Sobrinho, hoje delegado civil
aposentado, assumiu o cargo de treinador do Areal, de Santa Luzia, que fez uma
campanha admirável no 2º Peladão.
Empolgado
com aquele fraseado típico dos cursos de ciências jurídicas, Sobrinho começou a
utilizar aquele linguajar rebuscado para passar as instruções táticas para o
seu plantel.
Quem
mais sofria com aquilo era o habilidoso ponta direita Jaime (aka “Chapoca”),
ainda um simples estudante do curso supletivo do 1º grau.
Depois
de escalar a equipe e conversar particularmente com cada atleta, ele reunia os
atacantes do time (Chapoca, Mário Gordinho, Tom e Ironilson) para as instruções
finais:
–
Jaime, meu filho, você é peça fundamental no nosso time! – explicava o
treinador. – Na hora em que o Mário Gordinho fizer o overlapping com o Tom, o
Ironilson vai ser o nosso ponto futuro. Então, você corre pela lateral do
campo, mas evita entrar em diagonal ou fazer a triangulação. No máximo, você
vai cair pela perpendicular e cruzar na área. Porque na hora que o Tom entrar
na diagonal, quem passa a ser o ponto futuro é o Mário Gordinho e aí você faz o
overlapping com o Ironilson, entendeu?
–
Perfeitamente, doutor Sobrinho! – respondia Chapoca, sem muita convicção.
Na
hora em que o time entrava em campo, Chapoca se aproximava timidamente de Mário
Gordinho e abria o coração:
–
Égua, Mário, eu não entendi porra nenhuma do que o nosso treinador falou...
–
Ele pediu pra você driblar o lateral esquerdo, ir na linha de fundo e cruzar
pra dentro da área! – explicava Mário Gordinho.
–
Ah, é só isso? – devolvia Chapoca, meio incrédulo.
Quando
a partida começava, o ponta direita se encarregava de acabar com o jogo.
Transformava qualquer lateral esquerdo em “joão”, metia quinze, vinte, trinta
bolas dentro da área e Ironilson, Tom e Mário Gordinho se encarregavam do
resto.
O
técnico Francisco Sobrinho, rindo com as paredes, elogiava para o jogadores
reserva a aplicação tática de Chapoca.
No
jogo seguinte, o ritual se repetia de novo.
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