Marcelo, Pai Simão, Dulce e Frank Jr.
Agosto
de 1995. Com viagem marcada pra São Paulo, eu estava me preparando para ir ao
aeroporto quando recebi um telefonema. Do outro lado da linha, meu filho
Marcelo, de 18 anos, nervosíssimo, quase chorando:
–
Pai, bati um carro por trás aqui perto do Colégio Militar e o dono do carro
está ameaçando me prender porque não tenho carteira...
Eu
expliquei que estava de saída para o aeroporto, mas pedi pra ele ficar calmo
que iria falar com Pai Simão e logo tudo seria resolvido. Na mesma hora,
telefonei para o velho, contei a situação e expliquei o que devia se feito:
–
Negócio seguinte, papai: eu não quero confusão nenhuma porque o Marcelo está
totalmente errado! O senhor vai lá, acerta quanto é o conserto do carro do
sujeito e fala pra ele que assim que eu voltar de viagem, daqui a uns três
dias, eu pago o prejuízo. Pode dar meu endereço e os meus telefones, tanto o de
casa quanto o lá da Philco.
Pai
Simão foi resolver a encrenca.
Quando
voltei de São Paulo procurei pelo Marcelo para saber o desfecho do caso e pagar
pelo prejuízo do sujeito.
–
Pô, pai o vovô é muito doido! – disse Marcelo, rindo. – Ele chegou todo de
branco, da cabeça aos pés. Aí, os caras que estavam no local do acidente
pensaram logo que era algum capitão de fragata da Marinha de Guerra. Além
disso, ele vinha espumando de raiva. Se um marinheiro puto já mete medo, pense
num capitão de fragata! O vovô foi logo peitando o dono do carro: ‘Seu patife
irresponsável, como é que você dá uma fechada desse jeito no meu neto e nem
usou o pisca-alerta? Você é maluco, porra, você é maluco? Me dá logo a merda
dos documentos do teu carro, que eu vou mandar guinchar agora mesmo pra você
aprender a dirigir com responsabilidade’. O cara só faltou fazer cocô nas
calças. O vovô continuou no mesmo tom, mais brabo do que siri em lata:
‘Marcelo, tira o teu carro daqui e vai embora, que eu só saio daqui quando a
polícia chegar e levar esse cabra preso’. Cada vez mais encagaçado, o sujeito
se desculpou, disse que era uma batidinha de nada, que o vovô não se preocupasse,
que estava tudo bem, não precisava chamar a perícia nem nada. Na primeira
oportunidade, ele entrou no carro e foi embora. Estava mais branco do que uma
vela...
Resultado:
não paguei um tostão pelo conserto do carro do cidadão, mesmo sabendo que toda
batida por trás é indesculpável, ainda mais quando o causador do acidente não
possui carteira de habilitação. Coisas do Pai Simão.
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