Paulo Caramuru, Áureo Petita e Juarezinho Tavares
Massagista
do Santos, de São Francisco, o estabanado Renato “Chora Viola” é um poço de
sensibilidade, se enfeza com tudo e chora por qualquer bobagem, o que lhe valeu
o clássico apelido.
Num
jogo entre Santos e Ferroviário, no campo do Penarol, nenhum dos dois goleiros
santistas apareceu. Capitão de equipe, o volante Renan resolveu improvisar o
massagista como goleiro. “Chora Viola” topou.
Na
preleção inicial, quando os jogadores fazem um círculo, com cada um colocando
os braços sobre os outros, todos de cabeça inclinada para o chão, ouvindo
atentamente as instruções finais do capitão de equipe, Renan começou
agradecendo a prestimosa colaboração de “Chora Viola”, que havia aceitado jogar
como goleiro do time mesmo sem ter experiência na posição.
O
quarto-zagueiro Paulo Caramuru cochichou para o meia-armador Fabinho:
–
O cara que aceita jogar de goleiro sem ser goleiro ou é viado ou é doido...
Do
outro lado do círculo, quase na frente do Paulo Caramuru, “Chora Viola” escutou
a presepada e devolveu a bola pro quarto-zagueiro, também em forma de cochicho,
para não atrapalhar a preleção de Renan:
–
Eu sou doido...
Ainda
cochichando pro Fabinho, Paulo Caramuru bateu de três dedos:
–
Doido pra dar o cu...
Foi
o suficiente. Chorando copiosamente, “Chora Viola” começou a tirar a camisa de
goleiro e a xingar todo mundo:
–
Tá vendo, Renan? Tá vendo, Renan? Ninguém me respeita! Já estão me chamando de
viado! Eu não quero mais jogar nessa porra não! Vão se foder! Vão tomar no cu!
Vão pra puta que pariu! Eu não preciso dessa merda de time não!
Foi
um custo Renan convencer o massagista a entrar em campo como goleiro do time.
Depois de muita conversa, “Chora Viola” entrou em campo, fechou o arco com meia dúzia de defesas milagrosas e o Santos ganhou de 2 a zero.
Depois de muita conversa, “Chora Viola” entrou em campo, fechou o arco com meia dúzia de defesas milagrosas e o Santos ganhou de 2 a zero.
Foi a primeira e última
vez na vida que ele quis ser goleiro.
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